Aluna de 71 anos da rede municipal conquista medalhas através da corrida

O EJA é ofertado em 18 escolas pela Prefeitura com alunos a partir de 15 anos e sem limite de idade


Um pouco antes das 18h30, dona Maria José dos Santos chega à Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Oviêdo Teixeira, no bairro Olaria. Com livros e cadernos em mãos, segue para o refeitório, junto a colegas, onde é servida a janta antes da aula começar. Ela é aluna do segundo ciclo da Educação para Jovens e Adultos (EJA) na unidade de ensino da Prefeitura de Aracaju e divide com o estudo uma outra paixão, a corrida.

 

O interesse pela modalidade esportiva surgiu há cerca de cinco anos, quando viu o anúncio de um evento na televisão, despertando o desejo de se inscrever. Assim ela fez e, hoje, além de medalhas, dona Maria se orgulha em percorrer 10 km. Na sala de aula, a esportista é uma aluna aplicada. Atenta às explicações do professor, faz anotações em seu caderno e se entrega a cada etapa da aprendizagem.

 

"Gosto muito daqui da escola e me sinto muito bem. Apesar de eu ser da terceira idade, sei ler, mas quero escrever bem e ler muito mais. Sinto-me realizada, porque apesar de ter essa idade, cada coisa procuro fazer bem. Me cuido certo, faço muita atividade física e sou saudável, porque não tem remédio melhor que se exercitar. Então eu tenho muito orgulho de mim. Faço ginástica na quadra, faço caminhadas e sou muito feliz. Queria que os jovens fizessem o que eu faço, porque podiam conquistar muita coisa à frente", afirma Maria José.

 


Professor de dona Maria, Gilson dos Passos, conta que a aluna costuma levar as medalhas que conquista nas corridas para a escola, o que acaba, além de inspirar admiração, servindo como exemplo, a ele e aos colegas de sala de aula, a buscar sempre o melhor para si através da educação e do esporte.

 

"Na verdade, ser professor do EJA é uma troca de aprendizado, já que todos os dias eu passo conhecimento novo para eles, e eles também me ensinam sobre muitas coisas. São muitas experiências de vida e eu os considero como se fossem meus pais. A aluna Maria José, por exemplo, traz os aprendizados do esporte para a sala de aula. É super dedicada, organizada e atenciosa. Ela serve como incentivo, um exemplo de que sempre podemos estar aprendendo e procurando vencer", expressa o professor Gilson.

 

Através da Secretaria Municipal da Educação (Semed), a Prefeitura oferece a EJA em 18 escolas da rede. O objetivo prioritário é matricular pessoas que, na fase considerada ideal, não tiveram oportunidade de estudar ou que tiveram que parar os estudos por algum motivo. São alunos a partir de 15 anos e sem limite de idade, onde a maioria busca resgatar a alfabetização que não tiveram. Muitos têm o sonho de continuar no ensino médio e fazer uma faculdade, mas a maioria sente necessidade de aprender a ler e escrever.

 

Sem idade para sonhar

 

A coordenadora da EJA na Educação de Aracaju, Ana Izabel Moura, explica que os alunos dessa modalidade de ensino, na rede, começam no primeiro ciclo, que é a alfabetização. Quem se matricula sem nunca ter estudado ou parou a muito tempo, faz todo o processo de alfabetização, desde o início. A partir daí, vai acompanhando cada etapa e, quando já é considerado alfabetizado, avança até a quarta etapa, concluindo o nono ano. Alguns vão fazer o ensino médio e outros se dão por satisfeitos por saberem ler e escrever.

 

"Muitos estudantes do EJA não puderam estudar quando eram mais novos porque foram pais muito cedo, outros tiveram que parar de estudar para ajudar no orçamento de casa, e têm também os que sabem ler e escrever, trabalham, mas querem algo melhor ou receber uma promoção no emprego. São várias histórias e cada um tem uma história para contar", conta Izabel Moura.

 

Eles têm uma rotina escolar como o ensino regular, com aprendizado em sala de aula, provas, teoria e práticas de Educação Física e trabalho extracurriculares, como por exemplo, quando a Semed disponibiliza ônibus para excursões em pontos turísticos e históricos da cidade, ou projetos que desenvolvem na própria escola.

 

"Cada vez que a gente visita uma Emef e conversa com as pessoas, a gente sai renovado. Porque se a gente parar para ouvir sobre a vida deles, saímos com uma enciclopédia daqui. Por isso fazemos visitas periódicas às unidades de ensino e, quando ouvimos a história desses estudantes e a esperança que eles têm na escola, o salário está pago. Agradeço pela oportunidade que me dão de, através do meu trabalho, poder viver este momento e conviver com eles", expressa Izabel.

 

| Fonte e Foto: Assessoria de comunicação

Postagem Anterior Próxima Postagem