Rogério Carvalho critica falta de pronunciamento do governo sobre morte de Genivaldo

Para o senador, houve uma colaboração do governo do estado, numa ação combinada para não expor os policiais rodoviários federais que atuam em outras regiões ao longo da BR-101



A falta de um pronunciamento do governo e do governador do estado, Belivaldo Chagas (PSD), sobre a abordagem de policiais rodoviários federais que culminou com a morte do cidadão sergipano Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi criticada pelo senador Rogério Carvalho (PT/SE), em entrevista à TV Fórum, nesta sexta-feira, dia 27. O motociclista veio a óbito depois de uma sequência de atos violentos sofridos durante a ação policial, após ser abordado na BR-101, na última quarta-feira, dia 25, no município de Umbaúba, região Sul de Sergipe.


Ao ser questionado pelo jornalista Renato Rovai, durante participação no programa Fórum Onze e Meia, Rogério relatou que o pronunciamento do governador foi mandar a polícia estadual para impedir protestos da população e desobstruir a rodovia federal, que é de responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Para o senador, que é pré-candidato ao governador de Sergipe, houve uma colaboração do governo do estado, numa ação combinada para não expor os policiais rodoviários federais que atuam em outras regiões ao longo da BR-101. “O governo do estado e o governador corroboraram com a tentativa de minimizar o problema que aconteceu com os policiais rodoviários federais. Porque a rodovia é federal e quem tinha que fazer esse trabalho era a própria PRF. E o governador mandou a polícia rodoviária estadual para desobstruir e tentar impedir a mobilização e foi expulsa de lá pela população indignada”, declarou Rogério.


Na avaliação do senador, não houve uma manifestação sobre o caso porque as pessoas pensam mais ou menos parecido. “Esse é, inclusive, um dos motivos pelos quais a gente vem tendo um processo de afastamento e de ruptura com o governo Belivaldo”, acrescentou.


Sentimento de impunidade

Rogério lamentou o atual momento que vive o país, em que o próprio presidente da República estimula esse tipo de atitude por parte da polícia. Além disso, ressaltou o senador, há um sentimento de impunidade e de empoderamento errado entre parte da polícia. “Esse tipo de atitude macula a imagem da corporação. A PRF foi ferida de morte com esse assassinato. Eles fizeram tudo isso na frente de todo mundo, com a sensação de que estavam sendo protegidos por alguma figura que corrobora e patrocina esse tipo de coisa”, disse.


Para Rogério, não há razão para tentar minimizar o que houve, se valendo de jogo de palavras ou semântica, porque o que ocorreu não foi uma sequência de erros, mas uma ação intencional, um ato doloso. “Sequência de erros é quando há uma reação instintiva, mas a pessoa já estava dominada e eles colocaram no carro, colocaram o gás e mataram intencionalmente. Não cabe à polícia punir ou torturar”, frisou o senador.


Sobre o aparelhamento das polícias por parte do governo federal, Rogério Carvalho afirmou que Bolsonaro tem feito isso para tirar proveito político e perseguir adversários, o que representa um retrocesso institucional e civilizatório. “Bolsonaro está fazendo e aqui em meu estado não é diferente. Estamos vendo o Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública [Deotap] visitando prefeituras de adversários políticos do governador. Então é uma prática do antigo coronelismo que mostra o retrocesso civilizatório do Estado brasileiro em vários estados”, declarou durante a entrevista.


Debate necessário

Rogério chamou atenção para a necessidade de se debater e fazer uma reflexão mais aprofundada sobre o papel da segurança pública, das forças policiais e sobre qual o conceito de segurança pública que é preciso implantar e se desenvolver no país. Para ele, ainda há um receio grande na sociedade em se posicionar sobre a segurança pública e acaba se legitimando o pensamento do senso comum. “Esse é um debate que já passou da hora de ser feito. Continuamos estagnados no quesito segurança pública quando se trata de direitos. As forças policiais são para proteger a sociedade e não matar gente. Episódios semelhantes a esse que vitimou Genivaldo têm ocorrido com mais frequência ultimamente e não têm mudado esse debate sobre a segurança pública. Eu acho que essa é uma estratégia do Bolsonaro e do bolsonarismo, mas precisamos trazer isso para o debate”, avaliou o senador e pré-candidato a governador.


|Fonte e foto: Assessoria de Comunicação 

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