Isis Broken desfila na São Paulo Fashion Week

Desfile de Naya Violeta foi marcado por grande representatividade nos corpos que representaram a marca na passarela

 


“Repensar a moda para os corpos, entender quais são esses corpos e quais são essas demandas deles”. A declaração, feita pela cantora sergipana, Isis Broken, destaca sua experiência em ser a primeira modelo trans negra de Sergipe a desfilar na São Paulo Fashion Week, principal evento de moda do país. A marca Naya Violeta foi a responsável pelo feito ao convidar a artista para um desfile cheio de representatividade de corpos trans, travestis, negros e indígenas na última quinta-feira, 2.

 

Isis Broken, conhecida como bruxa cangaceira, ressaltou a importância da ocupação e representatividade dos mais diversos corpos na moda para inclusão e visibilidade de causas políticas e sociais. “Acho importante a gente falar sobre esse lugar do aquilombamento, do aldeiamento e do transcentrar na moda, que é extremamente importante. E foi exatamente isso que aconteceu no desfile da Naya Violeta. Eram pessoas pretas e povos indígenas, pessoas trans travestis que estavam ali se colocando naquele lugar de total protagonismo e é isso que é bonito no desfile da Naya”, destaca.

 

“É esse protagonismo desses corpos que reforça a certeza de que a moda não é pensada para esses corpos e isso é algo que eu venho sempre batendo na tecla com todas as marcas que eu visto, com todas as marcas que fazem parceria comigo. É preciso pensar em roupas que também incluam nossos corpos. Por que, por exemplo, as vezes eu vou usar uma roupa com a parte de cima que é pensada para uma mulher cis que tem seios ou simplesmente para uma mulher cis que não tem um 'pinto'. É preciso repensar a moda para os corpos e mostrar quais são esses corpos, quais são essas demandas deles", acrescenta.

 

A cantora pontuou, ainda, sobre a necessidade de ampliar os olhares para outros tipos de corpos. "Uma mulher indígena tem uma demanda diferente de uma mulher quilombola, assim como a quilombola tem uma demanda completamente diferente de uma mulher trans travesti”, explica Isis, que também exaltou o convite feito pela marca a seu esposo, que no ano passado engravidou do primeiro filho do casal.

 

"Até agora, pelo que eu vi dos desfiles, este foi o único que carregou um homem trans que é pai, que transgestou, que foi o Aqualien, meu marido. Foi muito bonito ver o que estava acontecendo ali. Foi um movimento histórico presenciar este momento na maior passarela do país”, finaliza.

 

| Da Redação

|| Foto: Divulgação/Revista Claudia

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