Até o momento, pelo menos 1.010 casos foram registrados em 35 países, conforme apontaram estudos feitos pela Universidade de Glasgow e pelo Great Ormond Street Hospital
Estudos conduzidos pela
Universidade de Glasgow e pelo Great Ormond Street Hospital em Londres indicam
que alta recente em casos de hepatite aguda entre crianças está provavelmente
ligada a um vírus infantil comum.
Países por todo o mundo começaram
a reportar casos de inflamação grave do fígado, a hepatite, causada por origem
desconhecida em crianças em abril de 2022. Pelo menos 1.010 casos foram
registrados em 35 países, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No total, 46 crianças precisaram de transplantes de fígado e 22 morreram.
Os estudos foram publicados como
pré-prints, ou sejam, ainda serão revisados por outros cientistas. As
publicações sugerem que um outro vírus comum, um vírus adeno-associado 2
(AAV2), estava presente na maioria dos casos, e está mais provavelmente envolvido
nas raras, porém graves, complicações hepáticas.
As pesquisas não esclarecem se o
vírus encontrado nas crianças era indicador de uma infecção anterior de
adenovírus ou uma causa própria.
Escócia
De acordo com um dos estudos, em
abril de 2022, um grupo de cinco crianças com icterícia e hepatite aguda grave
de origem desconhecida foi relatado na Escócia. Para enfrentar o problema, o
Sistema Público de Saúde da Escócia convocou uma equipe de acadêmicos da
Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido para investigar o problema. Em
julho deste ano, o país registrou 36 crianças com 10 anos ou menos com hepatite
aguda inexplicada, uma das quais necessitou de transplante de fígado
O estudo investigou a
possibilidade de que casos de hepatite sem origem definida possam estar ligados
à infecção prévia por covid-19. No entanto, segundo os cientistas responsáveis,
a lesão hepática direta por SARS-CoV-2 "parece improvável", pois
apenas dois de nove casos foram positivos ao vírus.
"Além disso, a positividade
do anticorpo SARS-CoV-2 em casos de hepatite estava dentro das taxas de
positividade da comunidade naquele momento, em crianças que se apresentaram aos
departamentos de emergência entre janeiro e junho de 2022. No entanto, não é
possível excluir totalmente um fenômeno relacionado ao pós-covid-19 em crianças
suscetíveis", diz o estudo.
Brasil
No Brasil, até o momento, seis
casos são considerados "inconclusivos", dos quais três precisaram de
transplante e uma criança morreu. Um outro caso é tratado como provável, segundo
informe divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 14 de julho. A pasta tem
acompanhado e monitorado a incidência de casos de hepatite aguda grave no
Brasil em crianças e adolescentes. Ao todo, 44 casos seguem em análise como
"suspeitos".
Sintomas
Os sintomas incluem alto índice
de enzimas no fígado, vômito, diarreia, dores abdominais e icterícia (quando a
pele e a parte branca dos olhos ficam amareladas). Ela se manifesta de forma
muito severa e não tem relação direta com os vírus já conhecidos da hepatite.
Segundo o ministério, a hepatite
grave nessa faixa etária, levando à insuficiência do fígado, é uma ocorrência
relativamente rara. "Muitas causas de diferentes naturezas já foram
associadas ao quadro, mas é importante ressaltar que grande parte dos casos de
hepatite aguda grave em crianças e adolescentes normalmente já não tinham sua
causa determinada", afirma a pasta.
Causas
Entre as causas infecciosas de
hepatite, além das hepatites virais A, B, C, D e E, outros vírus podem provocar
a doença, como o herpes simplex, o Epstein-Barr, o citomegalovírus, os
enterovírus e até as arboviroses, como dengue, zika, chikungunya e febre
amarela. Além disso, algumas infecções bacterianas também podem mais raramente
acometer o fígado.
Intoxicações por medicamentos
como paracetamol, albendazol e fluconazol são causas bastante conhecidas de
hepatites agudas. Muitas doenças autoimunes, congênitas e vasculares mais raras
também podem desencadear o quadro de intoxicação.
"Categorizar e notificar um
quadro como hepatite aguda de etiologia a esclarecer não significa
necessariamente que se espera descobrir algo desconhecido até o momento, e sim
que é preciso refinar a investigação das causas e o entendimento geral das
hepatites graves em crianças e adolescentes, não só devido ao surto atual, mas
também pela existência histórica de um déficit de conhecimento em relação a
esse agravo", explicou o ministério.
O tratamento atual busca aliviar
os sintomas e estabilizar o paciente se o caso for grave. As recomendações de
tratamento deverão ser aprimoradas, assim que a origem da infecção for
determinada.
Os pais devem ficar atentos aos
sintomas, como diarreia ou vômito, e aos sinais de icterícia. Nesses casos,
deve-se procurar atendimento médico imediatamente.
|Fonte: Agência Brasil
||Foto: Ilustração