Segundo Ministério da Saúde, prioridade será para profissionais de saúde que lidam com a doença
O Ministério da Saúde (MS) deverá
saber nesta semana quando terá as primeiras vacinas disponíveis contra a
varíola dos macacos. Segundo a
representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil, Socorro
Gross, a fase de tratativas com o laboratório produtor da vacina terminaram,
mas falta uma posição do laboratório sobre o calendário de entrega.
“Esperamos ter o calendário das
vacinas nesta semana”, disse ela. “Não temos como apresentar um calendário [de
entrega de vacina] neste momento. Sabemos que uma parte das vacinas vai chegar
em breve. Esperamos que o fornecedor nos especifique quando nós poderemos
transportar a vacina para o Brasil”, disse ela, em coletiva de imprensa, no
Ministério da Saúde.
A aquisição dessas vacinas deve
ser feita através da Opas, uma vez que o laboratório responsável por elas fica
na Dinamarca e não tem representante no Brasil. Assim, o laboratório não pode
solicitar o registro do imunizante junto à Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e caso o país queira comprá-lo, a OPAS deve intermediar a
transação.
Socorro Gross estava acompanhada
do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e de secretários da pasta. Queiroga
esclareceu que as 50 mil doses solicitadas pelo Brasil, caso cheguem, irão para
profissionais de saúde que lidam com materiais contaminados.
“Se essas 50 mil doses chegarem
aqui no ministério amanhã, não terão o condão de mudar a história natural da
situação epidemiológica em relação à varíola dos macacos. Essas vacinas, quando
vierem, serão para vacinar um público muito específico”.
Queiroga também não considera,
até o momento, declarar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional
(Espin) por causa da doença. Segundo ele, a área técnica do ministério não se
manifestou nesse sentido.
Além disso, de acordo com
Queiroga, mecanismos de vigilância em saúde já foram reforçados; pedidos de
registros de testes rápidos já foram feitos junto à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa); e outras providências podem ser tomadas fora do
âmbito da Espin, caso seja necessário.
Até o momento, Estados Unidos e
Austrália já declararam emergência em seus territórios.
Dados
Na coletiva de imprensa, o
Ministério da Saúde também divulgou dados atualizados sobre a doença. No mundo
inteiro foram registrados 35.621 casos em 92 países.
Os países com mais casos são
Estados Unidos (11,1 mil), Espanha (5,7 mil), Alemanha (3,1 mil), Reino Unido
(3 mil), Brasil (2,8 mil), França (2,6 mil), Canadá (1 mil), Holanda (1 mil),
Portugal (770) e Peru (654).
Até o momento, 13 mortes foram
registradas, em oito países. São eles: Nigéria (4), República Centro-Africana
(2), Espanha (2), Gana (1), Brasil (1), Equador (1), Índia (1) e Peru (1).
No Brasil, foram confirmados até
o momento 2.893 casos. Além disso, existem 3.555 casos suspeitos de varíola dos
macacos, com uma morte.
Entre os contaminados, 95% são
homens e a maioria está na faixa dos 30 anos de idade. Apesar de ser uma doença
que acomete, em sua maioria, homens que fazem sexo com homens, o ministro faz
um alerta para não se estigmatizar a doença a esse grupo específico ou mesmo
discriminá-lo.
“Essas referências feitas aqui a
homens que fazem sexo com homens é uma constatação tão somente epidemiológica.
Não podemos incorrer nos erros do passado. Nós já sabemos o que aconteceu na
década de 80 com HIV/Aids. Não é para discriminar as pessoas, é para
protegê-las”.
Queiroga também afirmou que
apesar do nome, a doença não é transmitida pelos macacos e fez um apelo para a
não agressão desses animais, por medo da doença.
“A varíola dos macacos é uma
zoonose e o roedor é a provável origem da zoonose. Não é o macaco. O macaco é
tão vítima da doença quanto nós, que também somos primatas. Portanto, não saiam
por aí matando os macacos achando que vão resolver o problema da varíola dos
macacos”.
|Fonte: Agência Brasil
||Foto: Marcello Casal
Jr./Agência Brasil