Segundo presidente da Faese, dolarização dos produtos e falta de equalização no crédito rural contribuem com queda na produção estadual
Desde a última
segunda-feira, dia 11, os preços futuros do milho perderam força na Bolsa
Brasileira (B3) e passaram a recuar. Com isso, embora exista a previsão de que
a safra atinja 124,185 milhões de toneladas, a cotação nacional para o mês de
maio caiu 0,49%. Em Sergipe, segundo dados do Levantamento Sistemático da
Produção Agrícola (LSPA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e analisados pelo Observatório de Sergipe, a estimativa para
a safra estadual de grãos para este ano é de 792 mil toneladas. Fator que, ao
ser comparado com a colheita de 2021, representa um decréscimo é de 0,8%.
Ainda conforme
números apresentados, entre as quatro principais lavouras de grãos, estima-se
crescimento na produção de feijão – 2ª safra (84,1%) e amendoim – 2ª safra
(1,1%) em relação a 2021. Já nas lavouras de arroz (-2,9%) e milho – 2ª safra
(-0,8%), a produção deverá cair.
Sobre a estimativa
nacional, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de
Sergipe (Faese), entidade ligada ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
(Senar), Ivan Sobral, revela que “pouco reflete” localmente tendo em vista que,
segundo ele, o estado não exporta o produto. “O impacto é que quando baixa o
preço do milho na bolsa os compradores tendem a retrair um pouco. Nossos
compradores estão no Nordeste. Os granjeiros buscam preço e estudam viabilidade
econômica de Sergipe, centro-oeste ou Argentina, de onde chega mais barato para
ele”, explica.
Entretanto, Sobral
pontua que a elevação dos preços dos insumos aliada às questões climáticas,
contribuíram com a redução na produção do milho em território sergipano.
“Acompanhamos a questão da divulgação dos dados de estimativa de produção,
tanto nacional quanto aqui do estado de Sergipe, e isso muito se deve a questão
climática, principalmente nos estados do Sul, que vão enfrentar dificuldades
climáticas. Aqui no nosso estado, há uma queda na estimativa na ordem de 0,8%,
com uma estimativa ainda de 792 mil toneladas a serem produzidas nessa safra.
Isso é uma a retração de seis mil toneladas se comparada com a do ano passado,
e podemos atribuir isso a altas de insumos”, detalha.
“Sabemos que muitos
produtores não vão investir o tanto que investiram em outras safras em relação
a questão do adubo e, também, em sementes que têm resultados melhores por conta
da alta dos preços. Sabemos que a alta dos preços vem em decorrência da
dolarização, não só com a questão dessa guerra entre Rússia e Ucrânia, mas os preços
de insumos já vinham sendo elevados mesmo antes da guerra. Então sabemos que,
por conta da dolarização, esses insumos sofreram alteração nos seus preços e o
que nós identificamos é que o produtor não está disposto a pagar e nem a
investir tanto em insumos. Com isso, vamos ter uma queda de produtividade e uma
consequência disso é a queda de produção nessa estimativa de safra para 2022”,
acrescenta.
Outro ponto
levantado pelo presidente tem relação com o orçamento do homem do campo,
sobretudo àqueles que dependem de benefícios do Governo Federal. “Identificamos
que muitos produtores estão preocupados em relação ao crédito rural. Sabemos
que está tramitando no Congresso a equalização das operações de crédito rural,
já foi votado e aprovado na Comissão e, agora, segue para plenário, mas sem
data prevista para ser votado. Temos expectativas da aprovação, que dá uma
maior tranquilidade ao produtor rural, já que nós temos muitos produtores que
estão buscando acesso ao crédito e estão esbarrando por não constar ainda. Essa
não aprovação tem dificultado o acesso ao crédito”, finaliza.
|Por John
Santana/Da equipe De Hoje
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