Por conta dessa situação, capital sergipana continua em risco médio, resultado do período em que o LIRAa não pode ser realizado
Com a reversão da decisão judicial
que impedia as visitas intradomiciliares, a Prefeitura de Aracaju, por meio da
Secretaria Municipal da Saúde (SMS), retomou mais um serviço importante do
Programa Municipal de Combate ao Aedes aegypti: o Levantamento de Índice Rápido
do Aedes aegypti (LIRAa). Nesta terça-feira, 19, a SMS apresentou dados do
levantamento realizado em março deste ano, o qual traz um aumento de 100% no
índice de infestação por Aedes em relação ao realizado no mesmo período do ano
passado. Entre os dias 22 e 30 de março, o primeiro LIRAa de 2022 apontou
índice de 2,2%.
“Esse aumento foi
influenciado, principalmente, pelo período de oito meses sem realizar o
levantamento, por causa da decisão judicial, em virtude da pandemia. O LIRAa é
educação permanente, os cuidados relacionados ao Aedes têm que ser contínuos
junto ao cidadão. O maior número de criadouros foi encontrando, sobretudo,
dentro das residências, nos lixos, recipientes inutilizados. É natural, por
conta da pandemia, que as pessoas esquecessem um pouco desses cuidados com o
Aedes e focassem na questão da covid-19 e, sem o agente de saúde visitando e
relembrando esses cuidados, houve esse relaxamento e, como consequência, o
aumento do número de criadouros encontrados. Agora, fazemos a retomada das
atividades, relembrando essa parceria que a população precisa ter”, destaca a
secretária municipal da Saúde, Waneska Barboza.
O Levantamento de Índice de
Infestação pode ser classificado em três níveis: Baixo (de 0,0% a 0,9%), Médio
(de 1,0% a 3,9%) e Alto (acima de 4,0%). Em março de 2021, a capital apresentou
índice de infestação de 1,1%, e mesmo com o aumento deste ano para 2,2; a
capital permanece na classificação considerada de médio risco para o
aparecimento de surtos ou epidemias.
Entre os dados apresentados, a
secretária da Saúde de Aracaju alerta para a existência da dengue tipo 2,
identificada pelo Laboratório Central (Lacen). “Há uma preocupação porque é um
dos vírus que foi responsável pela epidemia de 2009 e muita gente está suscetível
a esse vírus e nos acende um alerta ainda maior. Precisamos reativar essa
comunicação com a sociedade porque tem ações que devem ser realizadas por cada
cidadão. Apesar de termos a pandemia da covid-19 sob controle, as pessoas
precisam entender que existem outros vírus que circulam e que podem causar
epidemia, também, como é o caso do vírus da dengue. Temos observado, inclusive
a nível nacional, esse aumento dos casos relacionados ao vírus e, em Aracaju,
não é diferente”, salienta Waneska.
O Levantamento é realizado a
cada dois meses e é uma ferramenta de monitoramento da presença do Aedes,
transmissor das arboviroses dengue, zika e chikungunya. Com base nos dados, a
SMS tem uma análise dos principais focos do mosquito, bairros com maiores índices,
sendo possível traçar estratégias de combate como fumacê costal, mutirões de
limpeza, eliminação de focos e conscientização da população.
Conforme a diretora de
Vigilância e Atenção à Saúde de Aracaju, Taise Cavalcante, no conjunto das três
doenças transmitidas pelo Aedes, não houve um aumento considerável, se
comparado ao mesmo período do ano passado, no entanto, quando as doenças são
separadas, observa-se um aumento de 80% do número de casos confirmados de
dengue.
“Não tivemos óbitos
registrados relacionados a nenhuma das três doenças. Houve uma queda de zika e
de chikungunya, comparando a 2021. Entretanto, precisamos alertar à população
sobre a análise do Lacen a respeito do vírus da dengue tipo 2. Chamamos a
atenção da população, principalmente porque o período chuvoso já começou, e é
de água limpa e parada que o mosquito gosta para se desenvolver e, em menos de
sete dias, já temos mosquito transmitindo as doenças”, alerta Taise.
Infestação por bairros
Este ano, em Aracaju, já foram
notificadas 241 notificações das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, sendo
114 casos de dengue, 125 de chikungunya, e dois de zika. Dos 43 bairros com
maiores índices de infestação pelo mosquito, seis estão com alto risco, índice
maior que 4. São eles: Capucho (6,7%), Palestina (6,7%), José Conrado de Araújo
(5,4), 13 de Julho (4,9%), Pereira Lobo (4,5%), e Santa Maria (4,0%); nove
bairros classificados em baixo risco (satisfatório) e 28 bairros em médio risco
(alerta).
O gerente do Programa de
Combate ao Aedes aegypti, Jeferson Santana, ressalta a preocupação com os seis
bairros elencados com alto risco de infestação, sobretudo a Palestina. “Este
bairro se destaca e, por lá, sempre encontramos focos do mosquito nos depósitos
que as pessoas têm em suas casas, como lavanderias, tonéis, caixas d’água. É um
bairro pequeno, o que nos deixa ainda mais preocupados, pois, apesar de ser uma
porção pequena dentro do território de Aracaju, concentra muitas pessoas, e tem
um bairro vizinho muito populoso, que é o 18 do Forte, e o mosquito não conhece
limites e nem fronteiras”, frisa Jeferson.
Principais criadouros
A análise mostra o crescimento
progressivo do índice de médio risco: em março do ano passado, o índice era
1,1; em maio era 1,3; em julho foi 1,6 e em março deste ano passou para 2,2. A
maioria dos criadouros do Aedes aegypti encontra-se dentro das casas habitadas,
52,5% dos focos foram registrados em lavanderias e tonéis, ambos utilizados
para armazenar água.
Em segundo lugar, estão os
vasos [pratos de plantas] ralos, lajes, sanitários em desuso com 38,1%. Os
focos encontrados em entulho nos quintais das residenciais e lixo nas vias
públicas ou espaços abandonados correspondem somente a 5,8% dos focos.
“Quando a gente compara uma
pesquisa com a outra (2021-2022), vimos uma diminuição dos depósitos
domiciliares de armazenamento de água, porém, vimos um aumento significativo
naqueles materiais que são pequenos depósitos, como um vaso de planta, um lixo
acondicionado e descartado de forma irregular. Assim, chamamos a atenção da
população para que observem suas casas, seus quintais, e pede que cada cidadão
faça a sua parte”, completa o gerente.
Ações realizadas e
intensificação
De janeiro a março deste ano,
já foram realizadas 169.121 visitas em domicílio, 12.858 pneus coletados,
26.511 atividades de bloqueio de transmissão nas áreas com casos notificados, e
87 aplicações de inseticida em pontos estratégicos com a equipe de borrifação
do centro de Controle de Zoonose.
No trabalho de combate ao
Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, são intensificadas as
visitas de casa em casa e realizadas coletas de pneus nos quatro bairros com
maiores índices, além de mutirões (que são realizados dois sábados por mês) e
da aplicação de UBV (fumacê costal).
|Fonte: Assessoria de
Comunicação
||Fotos: Sérgio Silva