A pesquisa do doutorando David Andrade acompanha a distribuição dos insetos vetores das doenças, os flebotomíneos
As leishmanioses são doenças
causadas por protozoários do gênero Leishmania, que podem se manifestar de duas
formas: leishmaniose visceral, conhecida popularmente como Calazar, e
leishmaniose tegumentar. A primeira afeta significativamente o estado de Sergipe,
embora sejam registrados casos de ambas as formas.
É justamente para acompanhar a
disseminação dessas doenças que é realizado um estudo da fauna flebotomínica,
que são os vetores biológicos das doenças. Os insetos conhecidos como
mosquito-palha ou pintado são foco da pesquisa de David Campos Andrade,
doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente da Universidade
Tiradentes (Unit).
“Estudar a ecologia das espécies
com papel vetorial para a leishmaniose em ambientes em processo de urbanização,
ajuda a entender o processo de
domiciliação dos vetores. Assim, é uma das formas de se buscar melhores
alternativas para o seu controle. O que consequentemente impactará na
transmissão da doença, já que os vetores são o elo de transmissão, sendo responsáveis
pela circulação dos patógenos envolvidos nas infecções”, explica o doutorando.
O estudo é desenvolvido na Grande
Aracaju, região composta pela capital e os municípios da Barra dos Coqueiros,
Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão.
As leishmanioses são doenças de difícil controle no Brasil e isso também
se reflete em Sergipe. “A leishmaniose se dissemina cada vez mais para novas
áreas e atinge principalmente pessoas mais pobres. Os casos estão mais
concentrados em localidades periféricas dos centros urbanos, onde boa parte das
notificações da doença se dão na capital Aracaju e nos municípios
circunvizinhos, mostrando inclusive um aumento considerável de casos na última
década”, afirma David.
“Com as coletas entomológicas vem
se observando a boa adaptação dos flebotomíneos nos bairros da Grande Aracaju
que passam pelo processo de expansão da capital. As próximas etapas da pesquisa
serão a confirmação das espécies e a investigação de fatores que interfiram na
ocorrência e aumento das populações desses insetos próximas às residências”,
acrescenta.
O principal método para realizar
o estudo é por meio da coleta dos insetos, que envolve um trabalho minucioso.
“Uma das dificuldades é o diminuto tamanho do inseto. Ele não chega a meio
centímetro de comprimento, o que dificulta o conhecimento dos estágios imaturos
e identificação ágil das espécies. O grupo possui uma biologia também distinta,
não passa pela fase aquática, desenvolvendo-se em matéria orgânica, escondido
em minúsculas fendas”, expõe.
O estudante de Ciências
Biológicas da Unit, Jociel Santana é colaborador do estudo, auxiliando nas
realizações das coletas dos flebotomíneos. “A coleta é realizada utilizando
armadilhas luminosas, um equipamento que faz uso de lâmpada incandescente para
atrair os insetos e, quando próximos, são sugados por um pequeno ventilador,
ficando presos em um tubo. Durante a fase de coleta foram capturados mais de
500 espécimes de flebotomíneos que atualmente estão em fase de identificação”,
esclarece.
“Com a identificação desses
insetos pretende-se compreender melhor as espécies aqui presentes e a sua
distribuição no estado, podendo auxiliar no desenvolvimento de medidas de
controle desses vetores. O pesquisador deve obter duas respostas, uma para o
meio acadêmico e outra para a sociedade. Com isso quero dizer que a pesquisa é
feita, também, para contribuir e buscar melhorias para a sociedade”, acredita o
estudante.
O trabalho é realizado sob
orientação do professor doutor Rubens Riscala Madi e da professora doutora Mara
Cristina Pinto (Unesp-Araraquara), subsidiado pela CAPES/Fapitec; e
desenvolvido no Laboratório de Biologia Tropical (LBT), localizado no Instituto
de Tecnologia e Pesquisa (ITP).
| Fonte e Foto: Assessoria de
Comunicação