O EJA é ofertado em 18 escolas pela Prefeitura com alunos a partir de 15 anos e sem limite de idade
Um pouco antes das 18h30, dona
Maria José dos Santos chega à Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef)
Oviêdo Teixeira, no bairro Olaria. Com livros e cadernos em mãos, segue para o
refeitório, junto a colegas, onde é servida a janta antes da aula começar. Ela
é aluna do segundo ciclo da Educação para Jovens e Adultos (EJA) na unidade de
ensino da Prefeitura de Aracaju e divide com o estudo uma outra paixão, a
corrida.
O interesse pela modalidade
esportiva surgiu há cerca de cinco anos, quando viu o anúncio de um evento na
televisão, despertando o desejo de se inscrever. Assim ela fez e, hoje, além de
medalhas, dona Maria se orgulha em percorrer 10 km. Na sala de aula, a
esportista é uma aluna aplicada. Atenta às explicações do professor, faz
anotações em seu caderno e se entrega a cada etapa da aprendizagem.
"Gosto muito daqui da escola
e me sinto muito bem. Apesar de eu ser da terceira idade, sei ler, mas quero
escrever bem e ler muito mais. Sinto-me realizada, porque apesar de ter essa
idade, cada coisa procuro fazer bem. Me cuido certo, faço muita atividade
física e sou saudável, porque não tem remédio melhor que se exercitar. Então eu
tenho muito orgulho de mim. Faço ginástica na quadra, faço caminhadas e sou
muito feliz. Queria que os jovens fizessem o que eu faço, porque podiam
conquistar muita coisa à frente", afirma Maria José.
Professor de dona Maria, Gilson
dos Passos, conta que a aluna costuma levar as medalhas que conquista nas
corridas para a escola, o que acaba, além de inspirar admiração, servindo como
exemplo, a ele e aos colegas de sala de aula, a buscar sempre o melhor para si
através da educação e do esporte.
"Na verdade, ser professor
do EJA é uma troca de aprendizado, já que todos os dias eu passo conhecimento
novo para eles, e eles também me ensinam sobre muitas coisas. São muitas
experiências de vida e eu os considero como se fossem meus pais. A aluna Maria
José, por exemplo, traz os aprendizados do esporte para a sala de aula. É super
dedicada, organizada e atenciosa. Ela serve como incentivo, um exemplo de que
sempre podemos estar aprendendo e procurando vencer", expressa o professor
Gilson.
Através da Secretaria Municipal
da Educação (Semed), a Prefeitura oferece a EJA em 18 escolas da rede. O
objetivo prioritário é matricular pessoas que, na fase considerada ideal, não
tiveram oportunidade de estudar ou que tiveram que parar os estudos por algum
motivo. São alunos a partir de 15 anos e sem limite de idade, onde a maioria
busca resgatar a alfabetização que não tiveram. Muitos têm o sonho de continuar
no ensino médio e fazer uma faculdade, mas a maioria sente necessidade de
aprender a ler e escrever.
Sem idade para sonhar
A coordenadora da EJA na Educação
de Aracaju, Ana Izabel Moura, explica que os alunos dessa modalidade de ensino,
na rede, começam no primeiro ciclo, que é a alfabetização. Quem se matricula
sem nunca ter estudado ou parou a muito tempo, faz todo o processo de
alfabetização, desde o início. A partir daí, vai acompanhando cada etapa e,
quando já é considerado alfabetizado, avança até a quarta etapa, concluindo o
nono ano. Alguns vão fazer o ensino médio e outros se dão por satisfeitos por
saberem ler e escrever.
"Muitos estudantes do EJA
não puderam estudar quando eram mais novos porque foram pais muito cedo, outros
tiveram que parar de estudar para ajudar no orçamento de casa, e têm também os
que sabem ler e escrever, trabalham, mas querem algo melhor ou receber uma
promoção no emprego. São várias histórias e cada um tem uma história para
contar", conta Izabel Moura.
Eles têm uma rotina escolar como
o ensino regular, com aprendizado em sala de aula, provas, teoria e práticas de
Educação Física e trabalho extracurriculares, como por exemplo, quando a Semed
disponibiliza ônibus para excursões em pontos turísticos e históricos da
cidade, ou projetos que desenvolvem na própria escola.
"Cada vez que a gente visita
uma Emef e conversa com as pessoas, a gente sai renovado. Porque se a gente
parar para ouvir sobre a vida deles, saímos com uma enciclopédia daqui. Por
isso fazemos visitas periódicas às unidades de ensino e, quando ouvimos a
história desses estudantes e a esperança que eles têm na escola, o salário está
pago. Agradeço pela oportunidade que me dão de, através do meu trabalho, poder
viver este momento e conviver com eles", expressa Izabel.
| Fonte e Foto: Assessoria de
comunicação