Após dois anos, devido a pandemia de Covid-19, maior evento LGBTQIA+ de Sergipe volta a ser realizado em Aracaju
Representantes da comunidade LGBTQIA+ já começaram a se organizar para o retorno da Parada do Orgulho de Sergipe, que volta a ser realizada após dois anos de celebrações virtuais, em decorrência da pandemia de Covid-19. Este ano, o evento acontecerá no dia 28 de agosto, na Orla de Atalaia, em Aracaju.
De acordo com Tathiane Araújo, da Astra Direitos Humanos e Cidadania LGBT, os trabalhos para realização do evento estão a todo vapor e o público está ansioso para a celebração. "Foram 18 anos de forma presencial, com esse calor e interação humana, porque a parada é o movimento que mais coloca pessoas na rua. Mas, por conta da pandemia, ficamos dois anos interagindo de forma virtual, se adequando aos protocolos da época, e fizemos dois momentos muito importantes que estão gravados no nosso canal do YouTube, e as pessoas podem revisitar contando essa história. Foi muito importante esse método virtual, mas, agora, voltamos de forma presencial, no dia 28 de agosto, na Orla do Atalaia, com concentração às 14h", explica.
Ainda segundo Tathiane, em 2022, a Parada traz uma uma metodologia nova para o público. "Logo no início, teremos o palco da diversidade, que vai ser uma grande novidade para esse ano, e estão prevendo superar o número de 190 mil pessoas, que celebrou conosco a última parada presencial em 2019. Conseguimos negociar a adesão do palco para o início da parada e, ainda, teremos algumas atividades educativas, porque é muito importante que a Parada não seja vista só como uma festa do domingo. A Parada é uma festa alegre, mas reivindicativa", detalha.
Dentro do processo organizacional, Tathiane pontua que a Parada do Orgulho de Sergipe é feita por várias mãos, com a união e colaboração de diversos movimentos ligados à causa LGBTQIA+ no estado. "Vamos ter momentos importantes em parceria, também, com diversas entidades do movimento. Nós temos várias organizações não governamentais envolvidas, que atuam muito incisivamente por essa programação, tanto de forma educativa como para o dia da Parada mesmo”.
Ampliação do debate
Na semana passada, a representante da organização da Parada dialogou, na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), com alguns parlamentares sobre a importância do evento para o estado. O objetivo, segundo ela, foi buscar apoio para a realização do evento. "Todo apoio é importante para que as pessoas e a sociedade vejam a Parada como um momento de incidência. Na Assembleia, dialogamos sobre as possibilidades de o Legislativo também possa incidir conosco. Somos um estado com exemplos bons nos âmbitos municipais e no estadual, com leis que trazem, de alguma forma, a discussão da cidadania e de políticas públicas sobre o tema", disse Tathiane.
"Foi importante hoje, mais uma vez, falar que a gente pode melhorar o Centro de Referência, e que a gente pode ter uma instituição que promova políticas LGBTs transversais dentro das outras pastas de Governo e ter uma saúde que tenha um ambulatório na capital. Sabemos que não é competência da Assembleia, mas dialogamos sobre a perda que é não termos, na capital, um ambulatório especializado. Todas essas demandas de política precisam ser discutidas de forma responsável e a Parada é uma grande âncora para fazer com que isso chegue de forma mais visível para a sociedade", acrescenta.
Marco político
Para além da festividade, Tathiane reforça que a Parada do Orgulho é um marco político e que tem perfil de responsabilidade social. "A Parada é uma reivindicação pública, é uma forma alegre de a gente discutir as demandas da população LGBTQIA+. Então, mesmo sendo muito alegre e festiva, ela tem, sim, a sua responsabilidade social", afirma.
"É um momento de celebração reivindicativa e de enfrentamento em busca dos nossos reais direitos. Mas é, também, um ato político e de indignação por que o Brasil ainda é o campeão de assassinato de pessoas LGBTQIA+ em todo mundo", finaliza.
|Da Redação
||Fotos: 1 e 2 – Danillo França/Divulgação
3 – Equipe De Hoje