Nadadora foi a primeira brasileira a bater um recorde mundial
A natação brasileira tem, a
partir de agora, a sua patrona: Maria Lenk, a primeira nadadora brasileira a
estabelecer um recorde mundial. A homenagem, à única brasileira a integrar o
hall da fama da natação na Flórida, foi feita por meio de ato do Poder
Legislativo, que aprovou a Lei 14.418, sancionada e publicada no Diário Oficial
da União desta quinta-feira.
As primeiras braçadas de Maria
Lenk foram dadas com a ajuda do pai, o alemão Lui Paul Lenk, aos 10 anos de
idade, no Rio Tietê, para fortalecer os pulmões após ela ter sobrevivido a uma
pulmonia dupla.
Nadando pelo Flamengo, Maria Lenk
deu ao clube diversos títulos. Teve papel relevante para a popularização do
nado borboleta no país, tendo sido a primeira mulher a competir nessa
modalidade durante os Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, na Alemanha.
Los Angeles
Nascida em São Paulo, em 15 de
janeiro de 1915, Maria Lenk participou de seus primeiros Jogos Olímpicos aos 17
anos, nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1932. Foi a única mulher entre os 82
atletas da delegação; e a primeira sul-americana a disputar uma competição
olímpica.
Inexperiente, teve participação
tímida, ficando em 20º lugar nos 100 m livre; em 11º nos 200 m peito; e tendo
sido desclassificada nos 100 m costas.
Ao retornar das olimpíadas, teve
destaque ao vencer quatro edições da prova Travessia de São Paulo a Nado, em um
percurso de pouco mais de 5 quilômetros entre a Ponte da Vila Maria e o Clube
Espéria.
Jogos de Berlim
Em 1936, nas Olimpíadas de
Berlim, aos 21 anos, já não era a única mulher da delegação brasileira. Sua
participação foi prejudicada devido a problemas no ombro, adquiridos em meio a
treinamentos pesados para compensar a falta de treino durante a viagem de navio
até a Alemanha. Acabou com uma singela 13ª colocação nos 200 m peito.
“Na competição realizada na
Alemanha nazista, o pioneirismo de Maria Lenk manifestou-se novamente. A
brasileira inovou fazendo a recuperação do braço no nado peito por fora da
água, como também fez o norte-americano Hebert Higgins.
Nascia ali o nado borboleta, que
só seria oficializado como estilo olímpico pela Federação Internacional de
Natação (FINA), em 1956”, detalha o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na
biografia da nadadora.
Grandes feitos
Foi no ano de 1939 que Maria Lenk
registrou seus grandes feitos, ao bater o recorde mundial dos 400 m peito com o
tempo de 6m16s durante uma competição no Clube de Regatas Botafogo; e ao bater
também o recorde mundial para os 200 m peito, com o tempo de 2m56s, marca que
superava o recorde masculino da prova, que era 2m59s, tornando-se “a primeira
atleta brasileira a estabelecer um recorde mundial”, relata o COB.
Após algumas pausas no esporte, a
nadadora voltou a bater outros recordes, quando já competindo entre os masters.
No total, foram 40 recordes mundiais nessa modalidade.
Hall da fama
Em 1988, Maria Lenk se tornou a
primeira atleta do Brasil a entrar Swimming Hall of Fame, da Federação
Internacional de Natação (Fina), quando foi homenageada com o Top Ten da
entidade máxima do esporte, sendo considerada uma das dez melhores nadadoras
master do mundo.
Em 2002, ela recebeu, das mãos de
Juan Antonio Samaranche, o Colar Olímpico. Com isso, tornou-se a primeira
brasileira a ser condecorada com a mais alta honraria do Comitê Olímpico
Internacional (COI).
“Se despediu, nadando”
Até o final da vida ela mantinha
o hábito de nadar 1.500 metros todos os dias, motivo pelo qual conseguia ter
boa saúde apesar a osteoporose.
“No dia 16 de abril de 2007, ela
saiu de casa pela manhã, caminhou até o clube e mergulhou na piscina do
Flamengo, sem saber que aquele seria o seu último treino. Enquanto nadava, sua
artéria aorta se rompeu devido a um aneurisma, provocando uma enorme hemorragia
no mediastino. No silêncio azul da água da piscina, Maria Lenk se despediu,
nadando”, descreve o COB em relato sobre seu falecimento, aos 92 anos.
|Fonte: Agência Brasil
||Foto: Arquivo/Agência Brasil