Ele aplicava sedativo em excesso em mulheres
Um médico anestesista foi preso
em flagrante na madrugada de hoje, 11, por cometer estupro durante um parto no
Hospital Estadual da Mulher, em São João de Meriti, no estado do Rio de
Janeiro.
A equipe de enfermagem do
hospital desconfiou da atitude do médico, que aplicava mais sedativos do que o
necessário para um parto cesárea, deixando as mulheres desacordadas, e, por
isso, colocou um celular para filmá-lo.
Segundo a delegada responsável
pelo caso, Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de São
João de Meriti, as imagens mostram o médico em ato de sexo oral com a mulher
desacordada por cerca de 10 minutos, enquanto a equipe faz a cirurgia, separada
apenas pelo lençol azul, chamado de campo cirúrgico, colocado para isolar o
local da cirurgia da parte superior do corpo da parturiente, impedindo
contaminações.
“Foi estarrecedor ver as ações do
investigado no vídeo. Nós aqui que temos uma certa experiência com atrocidades,
com condutas muito graves, violentas, estamos há 21 anos trabalhando com
crimes, nós ficamos estarrecidos, é inacreditável o que vimos, é gravíssimo.
Ainda mais grave porque é um profissional que deveria estar cuidando do
paciente, o paciente está nas mãos daquele profissional, totalmente vulnerável,
num momento realmente importante da vida, tendo um filho, dentro do Hospital da
Mulher, que é um centro de atendimento específico para mulheres”, disse a
delegada.
Cena testemunhada
A delegada explicou que, na
cirurgia anterior, uma integrante da equipe de enfermagem precisou verificar um
bisturi e testemunhou a cena.
E acrescentou: “ontem, no dia 10,
foram três cirurgias. Na segunda cirurgia houve um problema com o bisturi e ela
[a integrante da equipe] teve que verificar que problema era aquele e, então,
se deparou com o médico com o pênis exposto. Mas manteve a calma, como se não
tivesse visto, e eles, para não ficar numa situação de uma pessoa só relatando,
decidiram, em conjunto, tentar registrar imagens, tentar documentar as ações do
investigado na outra cirurgia”.
Após a filmagem, a equipe
comunicou a diretoria do hospital, que acionou a Polícia Civil. O médico foi
preso em flagrante e será encaminhado para a audiência de custódia. Segundo a
delegada, ele preferiu não se manifestar. O nome do médico preso não foi
divulgado.
“O investigado não quis prestar
declarações na sede policial, foi assistido por advogado e, orientado, preferiu
não prestar declarações na delegacia, prestará em juízo. O tempo todo parecendo
conformado, não demonstrou muita surpresa, não demonstrou arrependimento, não
negou e não confessou, simplesmente acatando todos os procedimentos aqui da
delegacia sem nada falar”, revelou a policial.
O médico foi indiciado e preso em
flagrante por estupro de vulnerável, por conta da impossibilidade de defesa da
vítima, crime que tem pena de oito a 15 anos de reclusão. A delegada disse,
ainda, que já requisitou documentos ao hospital para verificar que remédios
foram ministrados em outras pacientes atendidas pelo médico e se havia ou não a
real necessidade de sedação nos casos.
Repúdio
Em nota, a Fundação Saúde do
Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) repudiaram
“veementemente” a conduta do médico anestesista e se colocaram à disposição da
polícia para colaborar com a investigação.
“Informamos que será aberta uma
sindicância interna para tomar as medidas administrativas, além de notificação
ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). A
equipe do Hospital da Mulher está prestando todo apoio à vítima e sua família.
Esse comportamento, além de merecer nosso repúdio, constitui-se em crime, que
deve ser punido de acordo com a legislação em vigor”, informou a nota.
O presidente do Conselho Regional
de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, Clovis Munhoz, informou, em nota, que
já abriu investigação sobre o caso e poderá cassar a licença do médico.
“O Cremerj informa que recebeu as
denúncias e abriu um procedimento cautelar para suspensão imediata do médico
dada a gravidade das imagens. O Cremerj instaurará, após o procedimento
cautelar, um processo disciplinar de cassação”.
| Da Agência Brasil
|| Foto: Divulgação/Polícia Civil
do Rio de Janeiro