De acordo com levantamento divulgado pela Agência Brasil, alta nos preços do petróleo e de fertilizantes fez saldo cair 22,7%
O encarecimento do preço de
vários itens importados, especialmente fertilizantes e petróleo, fez o
superávit da balança comercial encolher em julho. No mês passado, o país
exportou US$ 5,444 bilhões a mais do que importou, queda de 22,7% em relação ao
registrado no mesmo mês de 2012.
Nos sete primeiros meses do ano,
a balança comercial acumula superávit de US$ 39,751 bilhões. Isso representa
10,4% a menos que o registrado de janeiro a julho do ano passado. Apesar do
recuo, o saldo é o segundo melhor da história para o período, perdendo apenas
para os sete primeiros meses de 2021, quando o superávit tinha fechado em US$
44,38 bilhões
No mês passado, o Brasil vendeu
US$ 29,955 bilhões para o exterior e comprou US$ 24,511 bilhões. Tanto as
importações como as exportações bateram recorde em julho, desde o início da
série histórica, em 1989. As exportações subiram 20% em relação a julho do ano
passado, pelo critério da média diária. As importações, no entanto, aumentaram
em ritmo maior: 31,6% na mesma comparação.
O recorde das importações e das
exportações, no entanto, deve-se ao aumento dos preços internacionais das
mercadorias. No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu em média
apenas 4,7% na comparação com julho do ano passado, enquanto os preços
aumentaram 12,2%, favorecidos pela valorização das commodities (bens primários
com cotação internacional).
Nas importações, a quantidade
comprada subiu 8,7%, mas os preços médios subiram 41,6%. A alta dos preços foi
puxada principalmente por adubos, fertilizantes, petróleo, carvão e trigo,
itens que ficaram mais caros após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Setores
No setor agropecuário, o aumento
nos preços internacionais pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias
embarcadas caiu 2,6% em julho na comparação com o mesmo mês de 2021, enquanto o
preço médio subiu 38%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 8,3%,
com o preço médio aumentando 18,2%.
Na indústria extrativa, que
engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu
4,8%, enquanto os preços médios recuaram 13,9% em relação a julho do ano
passado. Embora o preço médio do petróleo bruto tenha subido 41,2% nessa
comparação, o preço do minério de ferro caiu 43,5%, puxado pelos lockdowns na
China, que reduzem a demanda internacional.
Os produtos com maior destaque
nas exportações agropecuárias foram milho não moído (+201,7%), café não torrado
(+84,4%) e soja (+23,8%). Esse crescimento deve-se principalmente aos preços. O
destaque negativo foi o algodão, cujas exportações caíram 50,6% de julho do ano
passado a julho deste ano por causa da antecipação de embarques no início do
ano.
Na indústria extrativa, os
maiores crescimentos foram registrados nas exportações de óleos minerais brutos
(+92,8%), petróleo bruto (+77,5%) e minério de níquel (+53,2%). Na indústria de
transformação, os maiores crescimentos ocorreram nos combustíveis (+103,1%),
açúcares e melaços (+44,6%) e carne bovina refrigerada ou congelada (+27,4%).
Em relação às importações, os
maiores crescimentos foram registrados nos seguintes produtos: cevada não moída
(+83,5%), pescados inteiros (+34,1%) e trigo e centeio não moídos (+23,2%), na
agropecuária; carvão não aglomerado (+211,1%), gás natural (+106,5%) e petróleo
bruto (+98,5%), na indústria extrativa; e combustíveis (+82,7%) e adubos ou
fertilizantes químicos processados (+175,3%), combustíveis (+93,4%) e válvulas
de cátodo (+58,5%), na indústria de transformação.
Estimativa
No mês passado, o governo tinha
reduzido para US$ 81,5 bilhões a projeção de superávit comercial para 2022, por
causa do encarecimento do petróleo e dos fertilizantes. Apesar da queda na
estimativa, esse valor garantiria superávit comercial recorde para o país.
As estimativas oficiais são
atualizadas a cada três meses.
As previsões estão mais otimistas
que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de
mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 67,2
bilhões neste ano.
|Fonte: Agência Brasil
||Foto: Bruno Domingos/Reuters