Dados são da pesquisa Pessoas com deficiência e desigualdades, referentes ao ano de 2019
As pessoas com deficiência
apresentaram, em 2019, taxas de participação (28,3%) e de formalização (34,3%)
no mercado de trabalho muito menores do que as das pessoas sem essa condição
(66,3% e 50,9%, respectivamente). A desocupação observada nesse contingente (10,3%)
foi maior do que a verificada entre as pessoas sem deficiência (9%).
Os dados constam da publicação
Pessoas com Deficiência e as Desigualdades Sociais no Brasil (PNS 2019),
divulgada nesta quarta-feira, 21, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
De acordo com o analista da
pesquisa, Leonardo Queiroz Athias, a inserção no mercado de trabalho,
principalmente em ocupações formais com maiores benefícios em termos de
rendimento e com proteção social, é um desafio para as pessoas com deficiência,
que devem lidar com diversos obstáculos, como a inadaptação dos espaços, tanto
no local de trabalho quanto no deslocamento.
“A pessoa com deficiência procura
trabalho, mas tem dificuldade de encontrar ocupação, pois há pouca aceitação
dos empregadores, preconceito, pouca acessibilidade para chegar ao local e
pouca acessibilidade. Os empregos que conseguem, em geral, são de pior
qualidade, com menor proteção e menor taxa de formalidade”, disse o
pesquisador.
Rendimentos
A desigualdade também se reflete
nos rendimentos, segundo a publicação. Em 2019, as pessoas com deficiência
tinham rendimento médio mensal de R$ 1.639, enquanto os trabalhadores sem
deficiência recebiam, em média, R$ 2.619.
“Destaca-se que as pessoas com deficiência
recebiam menores valores em todos os grupos de atividades econômicas e estavam
mais concentradas naquelas com rendimentos médios relativamente menores, como
serviços domésticos, agropecuária e alojamento e alimentação”, diz a pesquisa.
Em 2019,18,2% das pessoas com
deficiência estavam abaixo da linha da pobreza (com renda inferior a US$ 5,5
por dia). Esse percentual era de 22% para pessoas sem deficiência. Entre as
pessoas com deficiência visual, 22,5% estavam abaixo da linha de pobreza.
A PNS 2019 identificou 17,2
milhões de pessoas com deficiência de 2 anos ou mais de idade, o que
corresponde a 8,4% da população dessa faixa etária.
A deficiência se concentra em
pessoas mais idosas: entre aquelas com 60 anos ou mais, 24,8% tinham alguma
deficiência, enquanto no contingente de 2 a 59 anos esse resultado correspondia
a 5,1%. O perfil das pessoas com deficiência é mais feminino (9,9%) do que
masculino (6,9%), e, relativamente à cor ou raça, mais incidente entre as
pessoas pretas ou pardas (8,7%) do que entre as brancas (8%).
Em 2019, cerca de 14,5 milhões de
domicílios tinham moradores com pelo menos uma deficiência, o que representou
19,8% dos domicílios brasileiros, tendo a Região Nordeste o maior percentual
(23,7%) e o Centro-Oeste, o menor (16,5%). Esse índice foi maior nos domicílios
em áreas rurais (23,5%) do que naqueles situados em áreas urbanas (19,2%).
No Brasil, 55% das escolas dos
anos iniciais do ensino fundamental estavam adaptadas para alunos com
deficiência. Nas escolas dos anos finais do ensino fundamental, a proporção era
de 63,8% e para as de ensino médio, de 67,4%. Na distribuição territorial, as
desigualdades regionais são relevantes: apenas 33% das escolas de ensino médio
de São Paulo, por exemplo, eram adaptadas, contra 96,1% em Santa Catarina, no
ano de 2019.
Apenas 58,2% das pessoas com
deficiência tinham acesso simultâneo aos três serviços de saneamento básico
(esgoto sanitário, água por rede geral e coleta de lixo). Entre aqueles sem
deficiência, esse percentual era de 62,4%.
Em 2019, cerca de 68,8% das
pessoas com deficiência tinham internet em casa, enquanto para as pessoas sem
deficiência essa proporção era 86,1%.
|Fonte: Agência Brasil
||Foto: Divulgalção/TV Brasil