Percentual de pessoas com 10 anos ou mais analfabetas é 3 vezes maior na população com deficiência
Nas últimas décadas, a
identificação das pessoas com deficiência passou por uma evolução, convertendo-se
de um modelo baseado na Medicina para uma abordagem biopsicossocial, ou seja, a
deficiência sendo caracterizada pelo tipo e/ou grau de interação entre a pessoa
e seu corpo e o ambiente. Tal abordagem compreende que as relações com outras
pessoas, bem como com serviços públicos, locais de moradia, trabalho, lazer,
entre outros aspectos, podem ser mais ou menos favoráveis a atividades
relacionadas ao bem-viver (enxergar, ouvir, comunicar-se, locomover-se etc.).
A principal fonte de dados
utilizada neste estudo é a Pesquisa Nacional de Saúde (2019), que contempla a investigação
mais recente sobre o tema, na qual a condição de deficiência foi pesquisada
para as pessoas de 2 anos ou mais de idade, por meio de quesitos que
identificam a existência de dificuldades no uso das funções visual, auditiva,
motora de membros superiores/inferiores, e/ou mental. Acompanhe os resultados
para Sergipe.
Sergipe registrou o maior
percentual de nível de ocupação da região Nordeste, das pessoas de 14 anos ou
mais que possuem deficiência (32,2%). Isso representa dizer que a cada 100
pessoas com deficiência, somente 32 pessoas trabalhavam. O nível de ocupação de
pessoas sem deficiência foi praticamente o dobro (59,6%).
Essa diferença também foi sentida
em relação à taxa de formalidade. Enquanto que 29,3% das pessoas com
deficiência estavam em uma situação de formalidade, 40% das pessoas sem
deficiência estavam na mesma condição. A taxa de desocupação também foi maior
entre pessoas com deficiência (9,7%) em relação às que não possuem deficiência
(8,5%).
A taxa de desocupação mostra o
efeito da interação dos que buscam uma ocupação, mas não obtiveram sucesso,
permanecendo ou se tornando desocupados. O não sucesso depende de diferentes
fatores relacionados à dinâmica do mercado e a outras barreiras que atingem
alguns grupos populacionais mais do que outros.
Além disso, a inserção no mercado
de trabalho, sobretudo a partir de ocupações formais (usualmente com maiores
benefícios em termos de rendimento e com proteção social), é um desafio para as
pessoas com deficiência, as quais devem lidar com variados fatores adversos,
como a inadaptação dos espaços em que transitam, tanto no local de trabalho,
como no deslocamento, o capacitismo, entre outros.
Percentual de pessoas com 10 anos
ou mais analfabetas é 3 vezes maior na população com deficiência
No âmbito da educação, o IBGE
constatou que 36,5% das pessoas de 10 anos ou mais que têm deficiência são
analfabetas em Sergipe. Esse percentual é 3 vezes menor na população sem deficiência
(11,5%).
Esse percentual é ainda maior na
população com 60 anos ou mais. Enquanto que 53% das pessoas com deficiência são
analfabetas, 33,9% de pessoas sem deficiência estão nessa condição.
O Censo Escolar 2019, realizado
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira -
INEP, mostra que a proporção de escolas dos anos iniciais do ensino fundamental
com infraestrutura adaptada para alunos com deficiência atingiu 55,0% a nível
nacional. Para as escolas dos anos finais do ensino fundamental, essa proporção
foi 63,8%, e, nas escolas do ensino médio, 67,4%. Na distribuição territorial,
as desigualdades regionais são relevantes: apenas 33,0% das escolas do ensino
médio de São Paulo, por exemplo, eram adaptadas, contra 96,1% em Santa
Catarina, no ano de 2019.
Levando em conta a análise em
Sergipe, 72,5% das escolas dos anos iniciais contavam com infraestrutura
adaptada para alunos com deficiência, seguido de 84,6% em escolas dos anos
finais do ensino fundamental e 87% em escolas do ensino médio. Esses
percentuais estão acima da média nacional.
Pouco mais de 40% das pessoas com
deficiência vivem em lares com 3 serviços de saneamento básico
A pesquisa também investigou a
proporção de pessoas em domicílios com acesso simultâneo aos três serviços de
saneamento básico, por tipo de deficiência, em 2019. Foram considerados os
serviços ligados ao esgotamento sanitário por rede coletora, pluvial ou fossa
ligada à rede de abastecimento de água por rede geral de distribuição e coleta
direta ou indireta de lixo.
Nesse sentido, 42,9% de pessoas com alguma
deficiência vivem em domicílios com acesso simultâneo aos três serviços de
saneamento básico.
Em relação à proporção de pessoas
em domicílios com acesso à internet, a pesquisa identificou que 67,3% das
pessoas com deficiência estão em domicílios com esse acesso. Em contrapartida,
85,5% das pessoas sem deficiência estavam em domicílios com acesso à internet.
Somente 12 municípios sergipanos
contavam com frota de ônibus adaptada para pessoas com deficiência
A pesquisa identificou também os
estados que possuem municípios com frota de ônibus adaptada para pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida. Dos 75 municípios sergipanos, somente 12
contavam com frota adaptada, o que representa um percentual de 16%. Esse
percentual está um pouco acima da média nordestina, que registrou 12,2%. Ainda,
o percentual de Sergipe foi o 2º maior da região, ficando atrás da Bahia (18,9%
da frota).
| Fonte: IBGE
|| Foto: Ilustração