Pais e mães protestam contra suspensão de terapia pela Hapvida em Sergipe

Segundo relatos, a operadora não oferece mais autorização para acompanhamento, inclusive de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Sergipe De Hoje: Pais e mães protestam contra suspensão de terapia pela Hapvida em Sergipe

Imagina você ter um filho necessitando de um acompanhamento especial e o plano de saúde negar? Difícil, né? Mas é justamente isso que alguns pais de Aracaju revelam que vêm passando há alguns meses. Segundo a técnica em nutrição, Tatiane de Andrade, desde o mês de setembro de 2021, o plano de saúde Hapvida suspendeu o tratamento via Terapia DPAC (Desordem do Processamento Auditivo Central), que auxilia no desenvolvimento auditivo dos pacientes. Por essa razão, ela pontuou que sua filha de 15 anos tem apresentado uma série de regressões, incluindo psicológica, intelectual e auditiva. Motivada por essa situação, ela e um grupo de pais e mães se concentrou em frente a uma unidade ligada ao plano, localizada no bairro São José, nesta quarta-feira, 06, para cobrar uma resolução do problema.

 

"São 65 crianças que fazem a terapia DPAC que a Hapvida cortou, alegando que não está na Agência Nacional de Saúde (ANS). Algumas crianças já estão há quase um ano sem acompanhamento. Esse acompanhamento é extremamente importante, porque ela lida no processamento auditivo central e essa terapia auxilia nos estímulos auditivos das informações ao cérebro", explica.

 

Ela revela que diversas ações judiciais já foram movidas, mas, até o momento, nada foi resolvido. Por isso, decidiram protestar. "Já são 30 processos na justiça e a Hapvida só faz recorrer, mas não resolve o problema", acrescenta.

 

Ainda de acordo com Tatiane, ninguém na unidade recebeu os pais para dialogar sobre o assunto. "Nos informaram que não iriam se pronunciar sobre assunto, apenas que o caso estava na matriz, em Recife. Somente isso. Mas é somente isso que nós ouvimos desde o atendimento foi suspenso", afirma.

 

Acompanhamento necessário

Nossa equipe de reportagem procurou a fonoaudióloga, Lisley Aguiar, que detalhou, tecnicamente, sobre a importância desse tipo de acompanhamento. "Transtornos no processamento auditivo, quando não identificados e tratados da maneira correta, podem causar prejuízos a longo prazo aos indivíduos, como dificuldade em localizar sons, entender a fala em ambientes ruidosos e até mesmo acompanhar conversas com mais de dois interlocutores. Por isso, muitas crianças podem apresentar dificuldades escolares, seja na leitura, escrita ou de forma mais ampla, com prejuízos no aprendizado", detalha.

 

Por essa razão, a especialista destaca a necessidade do tratamento com foco no desenvolvimento do paciente. "A terapia fonoaudiológica com ênfase no processamento auditivo central prioriza o desenvolvimento das habilidades auditivas, afim de possibilitar ao indivíduo um maior desempenho na sua comunicação", garante.



 

Confronto de informação

A operadora Hapvida foi procurada pela reportagem do Sergipe de Hoje para falar sobre o assunto. Através da assessoria de comunicação, o plano disse que esse tipo de terapia não está no rol dos tratamentos da ANS, porém alegou que a operadora ainda oferece esse acompanhamento. “Existe esse tipo de acompanhamento na Clínica Hapvida e em mais duas clínicas credenciadas. O protesto é por conta de uma clínica que está descredenciada desta terapia, mas ainda continua em outras”, disse a assessoria.

 

Contudo, a informação é confrontada por Tatiane, que afirmou que somente uma profissional faz esse tipo de acompanhamento na cidade. "A única clinica conveniada para fazer esse tipo de terapia eles cortaram. Somente uma profissional faz esse tipo de acompanhamento. Mas, mesmo assim, eles negaram", denunciou.

 

"Nós todos recebemos a negativa do plano sobre o atendimento. Um documento que prova que eles negaram a terapia. Temos provas disso!", complementou.

 

|Da redação

||Fotos: Divulgação



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