Votação para mudança de nome de rua gera polêmica na Câmara de Aracaju

Linda Brasil denuncia que o vereador Fábio Meireles expôs o nome de batismo de Laysa Fortuna, durante discussão de PL que sugere Inclusão do nome social da jovem em rua no bairro Porto Dantas

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Sabe o que o Espaço Zé Peixe, EMEF's Papa João Paulo II e Bebé Tiúba, as UBS Dona Sinhazinha, Dona Jovem e Irmã Caridade, e o Complexo Habitacional Irmã Dulce dos Pobres têm em comum? Todos estão localizados na capital sergipana e também foram batizados com os nomes sociais que os homenageados tinham. O nome social é a forma em que muitas pessoas são conhecidas e buscam ser identificadas. Isso não é algo novo, mas comum entre a sociedade. No entanto, para as pessoas transexuais, essa definição é muito mais que uma identificação pública. É o reconhecimento real e justo de quem são.

 

Essa questão, porém, causou polêmica durante votação de um Projeto de Lei na Câmara Municipal de Aracaju, na última terça-feira, dia 06. O PL em questão, de autoria da vereadora Linda Brasil (PSOL), denomina como Rua Laysa Fortuna a atual Rua Q, localizada no bairro Porto Dantas, Zona Norte. A escolha do nome, segundo a parlamentar, "visa homenagear e dar visibilidade a uma mulher trans que foi silenciada por um assassino intolerante, trazendo visibilidade para mais uma de nós, além de chamar atenção para a triste realidade da violência contra nós, mulheres trans e travestis".

 

Laysa foi brutalmente assassinada em outubro de 2018. O crime ocorreu no cruzamento entre as ruas Estância e Itabaiana, no Centro de Aracaju. A vítima, que tinha 25 anos, chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital de Urgência de Sergipe João Alves Filho (Huse), mas não resistiu aos ferimentos. "Laysa foi vítima de um crime brutal e agora vai emprestar seu nome, como ela queria ser reconhecida, para dar vida a um logradouro no bairro onde ela viveu. As pessoas que moram lá recordam da garra, alegria e luta dela", justificou Linda, lembrando que a propositura foi aprovada em primeira[51]  votação.

 

No entanto, durante a sessão, o vereador Fábio Meireles (PSC), trouxe à tona uma questão que causou indignação à autora do Projeto. Segundo Linda, o parlamentar teria exposto o nome de registro de Laysa, questionando sobre como seria executado o processo de documentação. “Ele levou a certidão de óbito e destacou o nome de batismo de Laysa. Expor o nome, como ele fez, foi absurdo. Ele disse que era o direito, que estava no documento. Tentamos explicar que, tudo bem que a Mesa fosse questionada, mas expor o nome? Ele ainda tentou deslegitimar minha fala, alegando que, como vereador, tinha direito de questionar. O problema não é o questionamento, mas expor o nome", disparou.

 

Meireles, no entanto, apresentou outra versão do fato. Para ele, pode ter havido uma “interpretação diferente” ao que ele teria “apresentado como dúvida” durante a discussão do Projeto. “O que questionamos foi a Resolução 04, de 1997, que trata sobre a obrigatoriedade de estar contido no Projeto de Lei o atestado de óbito. Não foi discussão, nem questionamento à autora. Questionamos à Mesa Diretora. Como estava lá no Projeto de Lei a mudança e na certidão de óbito constava a certidão de nascimento, questionamos se a resolução ainda estava válida e qual seria o posicionamento da Mesa frente a essa situação, já que a rua estava sendo solicitada para um determinado nome e constava um outro nome no documento de óbito. Esse foi o nosso questionamento à Mesa”, esclareceu.

 

“A Mesa ainda não respondeu ao questionamento ainda. Mas o que nós fizemos foi uma leitura técnica do que se constava no Projeto. O PL dizia um nome e a certidão outro. Questionamos apenas tecnicamente isso”, acrescentou.

 

|Da redação

||Foto: César de Oliveira/CMA


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