Hospitais Filantrópicos de Sergipe expõem subfinanciamento do SUS

Instituições dizem que há mais de 20 anos o SUS mantém uma tabela de serviços com preços defasados

 




Os Hospitais Filantrópicos associados à Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Sergipe (Federase) e milhares de instituições espalhadas pelo Brasil rompem o silêncio e expõem o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS), que há mais de 20 anos mantém uma tabela de serviços com preços defasados.

 

Com pelo menos 60% dos atendimentos destinados obrigatoriamente ao SUS, os hospitais filantrópicos – instituições privadas sem fins lucrativos – formam no Brasil a maior rede de atendimento do Sistema Único, com mais de 1.800 unidades a serviço dos brasileiros, dispondo de 169 mil leitos hospitalares, 26 mil leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e atendendo mais de 50% da média complexidade e 70% da alta complexidade, conforme aponta a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB). Em Sergipe, os filantrópicos representam mais de 35% dos leitos SUS e ocupam papel estratégico na saúde pública.

 


Tabela defasada

Porém, mesmo diante de tamanha relevância para a rede pública, as unidades filantrópicas sofrem com os graves problemas financeiros oriundos do subfinanciamento do Sistema Único. De acordo com a CMB, desde o começo do Plano Real, em 1994, a tabela SUS e seus incentivos foram reajustadas, em média, em 93,77%, enquanto o Índice de Preços no Consumidor (INPC) foi em 636,07%, o salário mínimo em 1.597,79% e o gás de cozinha em 2.415,94%. Esse descompasso representa R$ 10,9 bilhões por ano de desequilíbrio econômico para os filantrópicos.

 

Diante deste cenário alarmante, a CMB – composta por 17 federações estaduais e representante de 1.824 hospitais sem fins lucrativos em todo o Brasil – vem mobilizando as instituições para chamar atenção da sociedade sobre esta situação de subfinanciamento, a exemplo da Federase, que reúne os hospitais Cirurgia, Santa Isabel, São José, Nossa Senhora da Conceição e Amparo de Maria.

 

“Atualmente, a remuneração do SUS é insuficiente para a sustentabilidade econômica dos filantrópicos. Por isso, a Federase se uniu à CMB nesta causa. Queremos equilíbrio financeiro para continuarmos prestando atendimento de excelência para milhares de pessoas que precisam de nós para ter acesso à saúde”, afirma a Diretora de Relações Institucionais da Federase, Carolina Teixeira.

 



Projetos de lei de pisos salariais


Além dos valores defasados repassados pelo SUS, outro fator que vem preocupando os hospitais filantrópicos são os Projetos de Lei aprovados e em tramitação que buscam instituir pisos salariais nacionais para categorias de profissionais de saúde. Uma vez posto em prática, esta mudança causará um impacto imensurável no orçamento das filantrópicas. Mas, até o momento, o Governo Federal não informou qual será a fonte de recursos, tendo em vista que os filantrópicos devem ofertar mais de 60% de seus serviços ao SUS.

 

“Os filantrópicos não são contra projetos de lei que criam pisos salariais para as categorias profissionais da saúde, a grande preocupação se dá com a fonte de financiamento. Se não houver uma contrapartida por parte do setor público, as instituições filantrópicas irão sucumbir, considerando a possibilidade de aumento de mais de 50% com folha de pessoal, sem qualquer fonte de recurso novo. A tabela do SUS não sofre reajuste há mais de 10 anos. Projetos de lei que aprovem pisos sem que garantam a fonte de financiamento aos filantrópicos são no mínimo irresponsáveis, dada a possibilidade real de fechamento dos filantrópicos e santas casas”, alerta a Diretora de Relações Institucionais da Federase.

 

|Fonte e foto: Assessoria de Comunicação

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